Os Três Pintos é uma ópera cómica esboçada por Carl Maria von Weber no final da sua carreira, e acabada por Gustav Mahler, que não pôde deixar de caprichar romanticamente no entre-acto da obra. A orquestração, na maior parte desta ópera, mantém-se, ainda assim, do género do princípio do século XIX, com algumas nuances mahlerianas.
Narra-se a história de uma espécie de "quadrado" amoroso entre nobres espanhóis. Dois destes fazem-se passar pelo dito Pinto, pelo que aí estão Os Três Pintos em disputa pela donzela Clarissa. O maestro Lawrence Foster, frequentemente olhado de lado, conseguiu sobressair este enredo em música, promovendo a cooperação entre os cantores e a orquestra, optimizando assim as vozes não projectáveis ou menos interessantes.
Quanto aos cantores, apenas dois de oito eram portugueses, e não valeu a pena chamar gente de fora à cena, porque apenas Phillipe Fourcade se evidenciou como Don Pantaleone, o pai de Clarissa (Michaela Kaune). O herói-tenor esteve frequentemente rouco, e algumas notas agudas foram um desastre.
Este espectáculo não teve encenação, ao contrário das óperas "semi-encenadas" que na Gulbenkian se têm visto, como Da Casa dos Mortos ou Ariadne auf Naxos: foi uma récita de estante e partitura. David Pountney, que vem no programa de sala indicado como o responsável pela "concepção", decidiu interromper a ópera e pôr Fernando Luís a narrá-la, impersonando Mahler, que analisava e recompunha os manuscritos de Weber. Foi um aspecto interessante, mas só isso -- interessante.
Sala a cerca de três quintos. Interessante. |
Caro Plácido,
ResponderExcluirDesta vez não vi por opção e penso que não perdi muito.
Continuo com graves problemas no blogger que não me reconhece como FanaticoUm