Gustavo Dudamel, MAHLER 9 @ Gulbenkian, 22 de Janeiro de 2011

Palavras para quê?
É simples: este foi o concerto da temporada em Portugal. Duvido que esteja agendado mais algum espectáculo com potencial de superar a 9.ª sinfonia de Mahler dirigida por Gustavo Dudamel com a Filarmónica de Los Angeles.

Gustavo Dudamel.
Tal como ontem, o maestro introduziu as suas ideias pouco convencionais e levou-as até ao fim da obra de modo coerente, não deixando por isso de fazer justiça à partitura do Mestre. O primeiro movimento, oscilando entre a visão expressiva e biográfica de Bernstein e a tendência de Karajan, foi arrebatador. O segundo tal impressão deixou, que até se ouvia assobiado lá fora, no fim. (A solista de viola desafinou num solo, mas não interessa...) O terceiro foi a versão mais cheia de pathos que ouvi. 
O quarto movimento já foi mais convencional, dentro dos tempi habituais. Chegou de tal forma ao público, que nem tosses -- que foram terríveis sacrilégios durante a peça -- desrespeitaram o silêncio que acaba a sinfonia e, segundo a corrente bernsteiniana, simboliza a morte do compositor. Dir-se-ia que houve quase um minuto de silêncio absoluto e, depois, ovações daquelas que não se ouve todos os dias -- e de pé.

(*)
Desta vez, reparei que estava lá Mário Lino, mas duvido que a polícia de segurança fosse só para ele.

4 comentários:

  1. Foi, de facto, um espectáculo de excelência. Dificilmente veremos melhor este ano, concordo. Não foi perfeito, houve também uma entrada em falso de um violino no 3º andamento, mas estas pequenas coisas dão graça ao espectáculo. Temos que agradecer, em primeiro lugar, a Mahler, em segundo lugar, à Fundação Gulbenkian e, a seguir, a Dudamel e à Filarmónica de Los Angeles.

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  2. CONCORDO, maravilhoso! veja o meu http://100mim.wordpress.com

    fátima

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  3. Já agora quanto às tosses...
    Se quisessem comercializar o concerto (OK, aqueles deslizes não deixavam), imaginam a Deutsche Grammophon interessar-se? As tosses até constituem um potencial obstáculo à internacionalização da FCG e adjacente melhoria da qualidade dos espectáculos...

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