Celebra-se hoje
o bicentenário do nascimento de Herr Wilhelm Richard Wagner. É imperativo
fazer-se notar esta efeméride, porquanto a obra dramático-musical de Wagner
constitui um colosso intemporal—sobretudo as suas sete últimas óperas. Wagner
era um artista com um raciocínio e com uma criatividade brilhantes: um profundo
investigador da condição humana. Independentemente das suas ideologias,
qualquer espectador (minimamente preparado) reconhece o carácter humano e
filosófico nas óperas de Wagner: o amor de Tristão e Isolda, a perícia
em Os Mestres Cantores de Nuremberga, as dialéticas amor-poder no Ouro
do Reno, amor-dever em A Valquíria, amor=liberdade em Siegfried,
amor=redenção no Crepúsculo dos Deuses (cf. O Holandês Voador e Tannhäuser)
e os dramas da vontade humana em Parsifal e Lohengrin.
Porém, pensando
em Wagner, não deixam de surgir o espectro pré-nazi e as ideias anti-semíticas
do compositor. Felizmente, quem explora a obra de Wagner compreende que a sua
arte é muito maior e melhor do que Hitler alguma vez pensou: um verdadeiro
tesouro da humanidade.
Fica, para terminar, uma pérola da “Canção de Lisboa”: “Estou a ver o cartaz de uma tourada!”, “Não é uma tourada. Isto é um Tannhäuser. É outra coisa!”
Caro P. Z., muitos parabéns pela sua evocação do GIGANTE R. Wagner: o Mestre está muito acima do que os nazis lhe fizeram (...e também muito acima do que lhe estão a fazer desde meados dos anos 80 com encenações desastrosas, sobretudo na Europa).
ResponderExcluirAbraço