Assistimos ontem, Live from The Metropolitan Opera House, a um bom espectáculo.
Um dos cartazes publicitários, com Hvorostovsky. O baixo-barítono esteve fenomenal como conde de Luna -- nada mais a dizer. |
Com uma encenação bem concebida, McVicar concebeu uma plataforma rotativa em parte do palco, permitindo a troca de cenários, assentes em dois espaços-base. A acção foi transportada para o século XVIII -- o que foi, provavelmente, menos interessante.
O cenário com as bigornas, para o célebre coro. |
O herói Manrico (o trovador) foi interpretado por Marcelo Álvarez, que esteve à altura do papel pedido. É um tenor já conhecido e de carreira mais ou menos estabelecida. Um dos tags que eu lhe daria, logo à partida, era o de rouco, mas passou muito bem, com uma técnica consistente. Quando chegou aos dós agudos (?) em "all'armi", nem acreditei no que estava a ouvir: som claro, seguro, e bem prolongado. Bravo!
Radvanovsky e Hvorostovsky. |
Sondra Radvanovsky, por sua vez, tomou o papel de Leonora. Fiquei com a impressão, como dizem os Fanáticos da Ópera, de que a sua voz "era capaz de encher três Mets", perdendo a beleza do timbre. Não nego que tenha uma voz bonita, mas nego que tenha boa técnica e boa dicção -- não se percebe nada do que canta. Por vezes, nota-se que há alguma falta de controlo sobre as inspirações. Mas, dicção fora, arrasou na ária "d'amor sull'ali rosee". Nada mal.
Radvanovsky como Leonora. |
O difícil papel da cigana Azucena foi interpretado pela meio-soprano Dolora Zajik. Parece que não sou o único a reparar que esta é a Azucena do Pavarotti no Met; mais de vinte anos depois, é óbvio que já não iguala a arrasadora qualidade que teve outrora, mas permanece uma óptima intérprete, com credibilidade cénica crescente!
Álvarez com Radvanovsky, no finale. |
A direcção de Marco Armiliato, em substituição do grande Levine, indicia, cada vez mais, uma nova era para o Met: a era de Armiliato, principal conductor. E se for como ontem, não parecem haver motivos para grandes reclamações.
Caro Plácido,
ResponderExcluirFoi um espectáculo ao vivo sólido e homogéneo (na qualidade vocal). Tenho pena de não ter tido possibilidade de ver ontem na Gulbenkian, mas estava prestes a iniciar a travessia atlântica de regresso.
Todos os cantores estiveram muito bem, como já referimos, mas gostei de ouvir o Marcelo Alvarez que se "aguentou" sem falhas e foi particularmente notável no registo mais agudo. Foi o contraste total com o seu colega da véspera, o Filianoti, de sólida fama, que foi um desastre no Duque de Mantua do Rigoletto, mas isto fica para mais tarde.
Caro Plácido,
ResponderExcluirParece-me que a qualidade se manteve na récita transmitida pelo Met. Aind bem.
Vejo que não fala de Hvorostovsky... Não gostou?
Talvez ao vivo resulte, mas ontem não gostei. Foi, quanto a mim, a pior das transmissões do Met na Gulbenkian.
ResponderExcluir@wagnerfanatic
ResponderExcluirGostei - apenas escrevi um comentário na legenda da imagem para não gastar linhas :-P
@Paulo
Como vê logo no princípio, achei este apenas um "bom" espectáculo. Diga-se, antes, "menos bom" :-)