Uma das imagens publicitárias da produção. Voigt e Giordani. |
A encenação é simplesmente arrebatadora. É realista e, tanto quanto sei, tem sido fortemente criticada;-- não compreendo por que razão. No segundo acto, o palco divide-se entre a casa da Minnie e a montanha nevada. Vejo aqui os dois únicos defeitos: por um lado, tira-se o suspense do acto. Por outro lado, penso que a música indica quando é que se deve ver a neve, por oposição à visão constante do exterior.
O cenário do acto III poderia ter servido perfeitamente para um western de Hollywood. |
O maestro Nicola Luisotti foi recentemente galardoado com o prémio anual de Puccini. A sua visão da partitura do Grandíssimo Maestro pareceu-me coerente à sua maneira, se bem que eu não concorde com os ritmos e dinâmicas sérios que aplicou para exprimir alguma comicidade da ópera.
A final os cavalos serviam para levar Minnie e Johnson a casa no acto II e não para a cena final... |
Deborah Voigt, assumindo o papel de Minnie, pareceu-me estar um bocado aquém daquilo que fez querer que iria desempenhar. Pareceu-me vocalmente uma Minnie pouco vigorosa e expressiva, se bem que tenha actuado bem.
Minnie e os mineiros.--A encenação teve em atenção as cenas cómicas. |
Marcello Giordani, como Johnson (o sia Ramirez) esteve bastante bem. Não o considero um tenor excepcional; penso que tem uma voz vazia que consegue empregar bem, revelando por vezes -- e muito oportunamente -- ser um tenor spinto.
Minnie e Johnson. |
O Sheriff Rance foi interpretado pelo lendário Lucio Gallo. Tão lendário é este barítono, que mais pertence ao passado dos grandes cantores do que ao presente. A sua voz apresenta sintomas acentuados do envelhecimento e já não passa de uma sombra da glória dos anos 80' e 90'. É sempre, ainda assim, um prazer ouvi-lo e vê-lo.
Os restantes cantores estiveram perfeitamente à altura do que se requer.
Os restantes cantores estiveram perfeitamente à altura do que se requer.
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Encenação
19/20
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Nicola Luisotti + Orquestra
16,5/20
------------------------------------------- Deborah Voigt Minnie
16,5/20
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Marcello Giordani Johnson
17/20
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Lucio Gallo Rance
16/20
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GLOBAL 17,5/20
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Todas as imagens foram retiradas daqui.
Todas as imagens foram retiradas daqui.
Foi pena não ter cantado Elisabete Matos.
ResponderExcluirSabe uma coisa, Paulo?
ResponderExcluirNaquela crítica de um não-sei-quem Levine que recomendou, dizia que a Elisabete cantou melhor do que a Voigt. E digo-lhe: os excertos que ouvi não me pareceram nada de formidável. Se o filme fosse mais conhecido no YT, haveria logo alguém a comentar "demasiado portamento em vez de mostrar Sis bemóis a sério"...
Acho que é bem provável que a Elisabete tenha cantado, de facto, melhor. A Voigt pareceu-me um bocadinho desinteressante... não acha?
Caro Plácido,
ResponderExcluirFoi a primeira vez que vi esta ópera em qualquer formato e acho que, embora não tenha propriamente árias muito conhecidas, funciona pelo seu todo e pela história ligeira e... ausência de mortes :)
Gostei da Voigt embora, tal como Paulo, adoraria ter visto Elisabete Matos no papel. Achei-a cenicamente muito expressiva e vocalmente eficaz.
Já reparei que muitos não gostam de Giordani mas eu até aprecio o senhor. Tem um timbre bonito, potência e consegue transmitir as emoções ao nível do muito bom. É claro que por vezes puxa tanto pela voz que acabamos por ficar a pensar em que altura da ópera vai quebrar.
Lucio Gallo ainda em vigor suficiente para este papel. Alguns papéis ganham com a experiência e este parece ser um deles.
Não concordei muito com a visão de Gallo em relação a Lance. Acho que a personagem não ama verdadeiramente Minnie pela pessoa que é...
Em relação aos cavalos, estes estiveram presentes no 2º acto, trazendo quer Minnie quer Johnson para a "cabana".
Cumprimentos.
A Voigt pareceu-me desadequada para o papel. Não cénica, mas vocalmente. Para não me estender mais...
ResponderExcluirwagner_fanatic,
ResponderExcluirTem razão quanto aos cavalos. Agora me lembro que até a Wowkle foi buscar o cavalo e isso... estava era a pensar no acto final, em que, tradicionalmente, a Minnie aparece a cavalo.
Paulo,
Estamos de acordo.
Já souberam que o Marcelo esteve a falar da Elisabete no Met há minutos???
Não. Conte.
ResponderExcluirEu não vi, mas acabaram de me dizer que há bocado, Marcelo fez o apanhado de notícias e disse que foi um grande sucesso na segunda récita, que interromperam a ópera vários minutos para a aplaudir como já não se aplaudia lá há anos... parece também que disse que o Met é o público mais exigente do mundo (wtf?)...
ResponderExcluirParece muito glorificado, mas merecido :-)
Como já disse, não me admira nada que tenha sido melhor que a Voigt...
Acabei de disponibilizar há pouco a minha apreciação desta ópera. Também gostei imenso da encenação. Acho que foi mais um espectáculo para se ver também.
ResponderExcluirConfirmo o que escreveu sobre o que disse Marcelo Rebelo de Sousa. Eu ouvi.
Andamos em sintonia proporcional, FanaticoUm :-)
ResponderExcluirAgora... quem vai ao Plácido?
No nosso blog somos muito fieis aos nossos ídolos. Neste caso será o wagner_fanatic, claro!
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