A tarde abriu às sete e meia com um quarteto de cordas que tocou à porta debaixo da arcada. Foi prejudicado pelo violinista da esquerda, que produziu sons feios várias vezes – num instrumento que me pareceu não ser de grande qualidade. Seguiu-se pelas 8 horas uma sequência de arranjos para metais, que tocaram na varanda obras também conhecidas, como o tema da Arlesienne. Infelizmente, não fui ao concerto do salão nobre de canto e piano, que é algo que me agrada muito. Peço portanto a quem tenha ido que diga o que lá se fez. O Bartolomeu ouviu trechos de ópera, nomeadamente uma ária de Le Villi e um dueto do Elisir -- executados exemplarmente. Outra fonte acrescenta que além desses, cantou-se apenas "Donne miei" de Così Fan Tutte.
E, por fim, às 9 horas, a Sala principal do teatro foi aberta ao público (sem lugares marcados) para se ouvir a direcção de Martin André do Stabat Mater e do Te Deum de Verdi na primeira parte e, depois do intervalo, a Sinfonia Manfred de Tchaikovsky. Pela milésima vez: os bilhetes estavam esgotados. Os bilhetes sim, mas os lugares não! Uns oito camarotes estavam trancados à espera de pessoal do São Carlos que não os encheu; duas frisas ocupadas pela imprensa, e nos cantinhos da sala cabiam à vontade mais uns 10% do total presente. A primeira parte pareceu-me fraquinha: o coro do TNSC cantou mal quase todo o tempo, com algumas abertas de inspiração. O Maestro André não pareceu muito dentro da coisa, tendo tido uma prestação aceitável. Já estávamos todos deprimidos quando chegou a Sinfonia. É simples; foi de arromba. Foi quase irrepreensível. André demonstrou-se uma mais-valia, a final de contas. Deixou a música viver lenta, vivaz, andante e alegre. Quer negra, quer profundamente harmónica. O público parecia um misto de disciplinado e indisciplinado, deixando sempre o som morrer em silêncio – mas aplaudindo sempre e entusiasticamente entre os movimentos. Muitos bravos se gritaram, mas o Director Artístico deixa encores de lado, convidando-nos a explorar a parcialmente raquítica temporada. Só espero que ele aprenda a vestir-se entretanto.
Leia aqui a declaração que Martin André publicou no programa.
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ResponderExcluirCaro confrade, trechos de ópera! Apenas ouvi uma ária de Le Villi e um dueto do Elisir executados exemplarmente, apesar do desmazelo da indumentária masculina.
ResponderExcluirNão estive presente mas é pena que o coro não tenha estado à altura das obras sacras de Verdi. Fico satisfeito por saber que a segunda parte do concerto foi de arromba. Como já escrevemos, estou (estamos?) apreensivos com o que se vai passar este ano, dada a muito fraca programação lírica anunciada. A coisa poderá atenuar-se se os maestros, a orquestra e os solistas salvarem os espectáculos.
ResponderExcluirBartolomeu, obrigado pela informação. Quem cantou? Deram-lhe programa específico? Obrigado, e até à vista :-) PZ
ResponderExcluirFanático, a melhor parte, é que no programa diz que o coro "TEM TRABALHADO [ou em inglês has worked - coisas completamente diferentes] sob .... Tullio Serafin...Georg Solti.....Bruno Bartoletti.......etc etc". Mas eram outros tempos. Estamos de facto todos muito apreensivos. Cumps
ó Placido,
ResponderExcluirainda bem que evidencias isso do "tem trabalhado". è bem verdade. Tambem poderíamos dizer que a callas já cá cantou. Isso não melhora em nada nem torna uma referencia. Essa experiência do passado não se herda só porque sim. é preciso que existam referencias contemporâneas, e essas, são escassas...
Caro Plácido Zacarias,
ResponderExcluirfoi com prazer que a partilhei. Obrigado eu pela sua visita ao meu blog e pela citação que muito nos honra.
Cantaram no Salão Nobre o Barítono João Merino, que não ouvi e como não havia programa não lhe sei referir o que cantou; o Soprano Ana Franco, que com grande presença e estilo, voz bonita e expressivo fraseado entoou a ária "Se come voi piccina" de Le Viili de Puccini; o Tenor Marco Alves dos Santos e o Baixo João de Oliveira executaram o dueto do Elisir d'amore de Donizetti com grande graça e comicidade vocal, a descontracção necessária para uma execução de alguma beleza sem a evidência de excessos estriónicos e outros efeitos parasitas desnecessários, que geralmente só condicionam e não ajudam. Por fim, do que ouvi saliento a graciosidade do Soprano Ana Franco e uma notória nobreza vocal do Baixo João de Oliveira.
Quanto à sinfonia, uma vez que me pergunta a opinião, a principio pensei que não tivesse sido a melhor escolha do programa pela lugubridade musical que ela encerra. Demasiado pesada para uma gala inaugural e pouco adequada ao contexto existencial que o teatro atravessa. De facto, cri que esta escolha tenha sido dentro do âmbito do domínio absoluto de Martin André, já que usou este concerto para se afirmar como um director de orquestra de alto nível. Vejamos como decorrem os próximos concertos, já que metade serão pelo seu gesto e batuta. Melhorias dos naipes, sobretudo nas cordas que se mostraram mais seguras apesar de um ou outro desaire. Ainda assim, M. André, determinado, dirigiu pleno de segurança em nada deixar cair. Se foi complacente com o Coro, foi agora impiedoso com a orquestra. Com pulso forte e voz audível marcou e cantou os tempos sem se deixar vencer pela inércia da sinergia dolente dos músicos, ao ponto de o ouvirmos repreender o concertino com um "Wake up". O sucesso evidente na rara ovação, levando muitos a faze-lo de pé, demonstrou o quanto agradou sobretudo num espaço em que as obras sinfónicas nem sempre são bem tocadas ou/e acolhidas.
Foi esta a minha impressão: Um bom 1º e razoável/bom 2º andamento, nas dificuldades e desafinação das cordas/concertino a solo; um excelente 3º andamento e um inesquecível 4º andamento.
Finalizando, já que vai longa esta apreciação, foi notória a ausência de uma obra portuguesa sinfónica de referência neste concerto. Será sempre um ponto negativo num teatro/instituição nacional tal não acontecer quando existem obras de grande valor, sobretudo quando esta temporada se vê empenhada em brilhar com os talentos nacionais mas apenas com os vivos e viventes.
A ministra... ora a sr. ministra estava sentada num camarote da 1ª ordem, aquele que é usado para acolher entidades políticas ou convidados de honra, ou seja no camarote nº35, ou seja o primeiro do lado direito de quem olha para o palco bem encostado à tribuna(se observar bem a minha foto é o camorote que está ao nível dos meus olhos).
Bem haja
Essa é boa! Tentei abrir-lhe a porta!!!
ResponderExcluirE acabei indo para debaixo dela!
Ai estas ironias... xP
Olhe lá: fizeram o compasso dos ferrinhos da tribuna?
Depreendo que andou a procurar lugar pelo teatro. Porém, se ficou no sítio que indica esteve também na companhia dos cantores do Estudio de Ópera que também estavam no camarote bem por debaixo do tal em que esteve a sr. ministra. Vicissitudes!
ResponderExcluirCaso se esteja a referir ao Glockenspiel, vulgo sinos tubulares, não me certifiquei mas também tive essa sensação.
Bem haja
Acho que tivemos todos. eu ainda me perguntei se haveria algum microfone algures e uma coluna lol
ResponderExcluirJa agora, placido, vais ver a dona branca? e se sim, vais quando?
ResponderExcluirVou a 3.
ResponderExcluirok, vais antes de mim em principio. aqui ficarei à espera da tua critica!
ResponderExcluirAté lá, blogger! :-)
ResponderExcluirOs Fanaáticos da Ópera também vão. Em princípio, antes mesmo de mim.
Pa proxima combinamos e vamos é todos juntos
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