Dia Mundial de Richard Wagner

Para muitos, este dia é conhecido como sexta-feira santa. Para o P.Z., hoje é o dia internacional de Richard Wagner. https://youtu.be/pD9

Waltraud Meier na Gulbenkian: Träume, Träume... (crítica)



“Começou a carreira em 1976… já não é nada nova!”, diziam uns espectadores que estavam sentados ao lado do P.Z. hoje à noite. E realmente este cliché era uma preocupação inevitável. Aliás, ao escrever sobre Waltraud Meier há dias, o P.Z. hesitou entre escrever “uma das principais intérpretes wagnerianas actuais” ou “uma das principais intérpretes wagnerianas dos anos 90”. Em todo o caso, independentemente de estar em fim de carreira, Meier apresentou uma interpretação profunda e sofisticada das Wesendonck lieder de Wagner. A atenção que a meio-soprano atribui às nuances do texto é notável, atribuindo destaque a estas curtas peças que representam a vertente mais emocional da obra wagneriana. Sem prejuízo, claro, das reflexões mais profundas subjacentes a Stehe still! e Schmerzen, que ainda assim não têm a dimensão filosófica e dramática que pauta os grandes trabalhos de Wagner. As Wesendonck lieder são, por isso, um curto consolo e  um raro prazer para wagnerianos

É inevitável comparar o estilo de abordagem a lieder de Meier ao da grande Elisabeth Schwarzkopf, embora seja clara a distinção dos timbres, onde o tom mais escuro que caracteriza esta fase da carreira de Meier constitui vantagem para o ambiente melancólico de Im Treibhaus e aprofunda a vertente quase hipnótica e sonhadora de Der Engel e Träume. Naturalmente para encher chouriço e atrair os habitués de assinatura para um programa mais composto, o programa começou com o prelúdio do Lohengrin de Wagner e finalizou com a terceira sinfonia de Bruckner (trabalho dedicado a Wagner). Honestamente, o P.Z. só estava interessado nas Wesendonck lieder e foi-se embora no intervalo: já valeu bem a pena e amanhã lá estará novamente. Que pena o programa ser tão curto!

★★★★

Waltraud Meier na Gulbenkian

Para os mais distraídos: é já amanhã que Waltraud Meier, uma das principais intérpretes wagnerianas dos anos 90, cantará as Wesendonck lieder de Wagner na Gulbenkian! A segunda récita será na sexta-feira. A lotação está longe de ser esgotada: será assim que Lisboa vai saudar esta lenda? Se fosse Live in HD, como quando interpretou Waltraute no Crepúsculo dos Deuses (2012), os bilhetes já teriam desaparecido há muito!

Para atrair os fãs do Met Live in HD, entremos em modo de preparação com este excerto de Tristão e Isolda, especialmente seleccionado da gala Levine (1996) na Metropolitan Opera.
 


Para aqueles que não são HD-ófilos, fica também o Liebestod, a famosa cena final da mesma ópera, neste caso convenientemente legendada em francês e gravada no Teatro alla Scala de Milão com a direcção musical do maestro Barenboim. (Esta gravação não é brilhante; se o leitor estiver mais interessado na qualidade vocal do que nas legendas, ouça antes esta versão de Bayreuth).



O P.Z. já está em modo Waltraud Meier. E o leitor??

Leia a crítica do P.Z. aqui.