Acto I do Baile de Máscaras. (Fot. Ken Howard/Met Opera) |
Un Ballo in Maschera foi, em tempos, uma das grandes produções da
Metropolitan Opera: cenários de grand
opéra, personagens carismáticos e grande alarido entre a audiência. Nesses
tempos, não se ouviria ninguém dizer “vou sair antes do final porque estou
aborrecido”, como ainda hoje aconteceu entre a assistência desta menos
relevante obra de Verdi. Pavarotti conquistava, chegava e arrasava—por essa
ordem; a encenação era simplesmente deslumbrante, e o espectáculo estava feito. Na nova produção, pouco mais
se pode dizer do que Hvorostovsky, o novo “menino bonito” da Met Opera (assim
se escreve no YouTube), alcançou as expectativas que em seu torno se tem gerado.
Indubitavelmente,
uma das razões que condenou esta ópera a um estatuto menor entre o repertório
principal é a sua dispersão temática, visto que a distinção entre o drama
principal e as pequenas gracinhas não está bem definida e a música raramente é
inovadora, destacando-se apenas a marcante ária de Renato: “Eri tu”. A nível de luz, a nova
abordagem deste Baile de Máscaras
trata-se de uma interpretação sombria e vazia, com pouco movimento, o que facilita uma melhor concentração no drama em si. Já a nível de movimentação
cénica, a situação é diferente, sem qualquer direcção
aparente. Várias ideias ocorrem ao P.Z. para explicar as asas do pajem no
prelúdio—a falsa aparência da corte de Gustavo III, a desonestidade, a falta de
liberdade—mas todas essas hipóteses parecem impertinentes! A cena final do
baile é a mais iluminada. Talvez a alma iluminada do encenador tenha
interpretado a morte do rei como um momento de luz; mas não terá sido uma morte
em pé algo demasiado insensível?
Sondra
Radvanovsky detém um timbre elegante e potentíssimo mas pouco maleável. Embora
produza pianissimi e algumas nuances encantadoras, nunca deixa de
estar dentro da mesma linha vocal, da mesma amplitude de vibrato—curioso exemplo de uma voz extraordinária antagonizada pela própria
técnica vocal. A direcção cénica e cinematográfica também não é muito
inteligente acerca da forma como lida com esta Amélia, pelo menos no que
concerne à transmissão em HD: aproximações excessivas da câmara e guarda-roupa
que não favorecem os atributos físicos da cantora não ajudam a criar empatia nem
credibilidade junto ao público.
O facto de se
tratar de uma transmissão e não de uma assistência ao vivo também levou o P.Z.
a duvidar da prestação do tenor Marcelo Álvarez como Gustavo III, cujo pontual
excesso de trejeitos físicos pareceram, por vezes, ser uma forma de colmatar dificuldades
de expressão vocal. Mais uma vez se repete: ter estado presencialmente na
Metropolitan Opera teria sido, sem dúvida, melhor; resta saber até que ponto.
Para o P.Z., daquelas a que assistiu, esta foi a transmissão Met Live in HD menos estimulante. (Quiçá
por ter em conta demasiado elevada o DVD da produção dos anos 80’?) Mas poucas
dúvidas há, neste momento, de que esta encenação é mais promessa do que matéria.
★★★★☆
Caro PZ,
ResponderExcluirTambém vi no MetLive e tenho uma opinião menos negativa que a sua. Escrevê-la-ei em breve. Gostei da encenação que, sendo moderna, foi bem conseguida. O naipe de solistas não deixava dúvidas que se iria assistir a um bom espectáculo de ópera.
Ainda bem que gostou. Apesar de terem usado excelentes cantores (Stephanie Blythe foi arrasadora), a encenação não me agradou nada. Aguardo com expectativa as suas opiniões!
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