Debate Aberto | Intervalos na Ópera

Findo o período da temporada 2010-2011, inicia-se agora neste blog uma série de actividades dinamizadoras, contando com debates e com quizzes. Para já, fica um debate sobre intervalos.

Um intervalo na Opéra-Bastille. Os espectadores aproveitam para ir ao bar.
Um dos assuntos que tem de se ter em atenção quando se faz uma nova produção de uma ópera são os intervalos. Por um lado, os intervalos são, tradicionalmente, momentos de convívio e de socialização, em que as pessoas aproveitam para se passearem e fazerem algum turismo pelos teatros – podendo-se aproveitar para esticar as pernas e rodar o pescoço à vontade. Por outro lado, alguns revolucionários defendem que a ópera dever ser vista apenas como art for art's sake e, por isso, tal como num andamento intermédio de sinfonia, não se deve interromper; ou devem agrupar-se os actos de forma metafórica (uau!).

Um intervalo em S. Carlos, nos anos 50'. (No bar.)
Existem também outros casos, em que a música é de tal intensidade e coesão, que seria impossível interromper a corrente para introduzir intervalos em óperas de duas horas e meia como Das Rheingold (Wagner) ou Capriccio (Strauss). Eu, por exemplo, sendo apreciador desse repertório, não consigo deixar de me cansar a meio, num ponto em que a minha atenção seja menor do que a dor de pescoço. 

Um intervalo em S. Carlos nos anos 50'.
Nesta Carmen que passou em S. Carlos, quem é que não sentiu necessidade de um intervalo após o primeiro acto (cuja encenação era uma seca de morte), ou notou que o intervalo antes do quarto acto pareceu desnecessário? E seria pertinente perguntar quem é que não apanhou um valente torcicolo a meio do primeiro acto do Crepúsculo dos Deuses da penúltima temporada?

Em suma, a questões que se põem são: quando é que deve haver intervalos? Há excepções? Qual é a duração ideal de um intervalo?

O público de S. Carlos aplaude a passagem de Callas por um corredor. (Traviata de 1958.)

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7 comentários:

  1. Pessoalmente sou adepto de intervalos escassos e de pequena duração. Frequentemente nem saio do lugar.

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  2. Eu gosto de intervalos porque gosto de passear, e, quando a ópera é uma verdadeira obra de arte, julgo que um intervalo entre cada acto pode ser tão necessário como uma parede, para separar um quadro políptico. Nunca separaria uma ópera indivisível, como provoquei na introdução, mas deve haver cuidado no que respeita aos intermezzi. Na maior parte dos casos, a meu ver, um "intermezzo" quer dizer "estes actos não são divisíveis; se há discrepância temporal, a música compensa-a; sem interrupções".
    Mas diga-me lá, FanaticoUm, como faria uma senhora para ir ao WC com um intervalo curto?

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  3. As Senhoras (e os Homems a partir de uma certa idade!) têm que ir antes de começar e depois aguentar..., como se estivessem a assistir ao 1º acto do Parsifal.

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  4. A quem escreveu esta frase,"Nesta Carmen que passou em S. Carlos, quem é que não sentiu necessidade de um intervalo após o primeiro acto (cuja encenação era uma seca de morte), ou notou que o intervalo antes do quarto acto pareceu desnecessário? " - permita-me que diga duas coisas: Não acho que que a encenação tivesse sido uma "seca de morte" mas isto vem do gosto de cada um, 2ª: o intervalo antes do 4º acto parece desnecessário, é verdade. No entanto, para quem estiver atento e falar do que sabe, ele é asolutamente necessário para a mudança de cenário.

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  5. FanaticoUm, o problema são as filas.
    Anónimo, Fui eu. Mas o cenário não se muda em um ou dois minutos?

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  6. Tanta "psidonice" valha-nos deus!
    Nada em Portugal presta aparentemente. O São Carlos é mau, as encenações são chatas por que se fazem intervalos a mais ou a menos! Não amigo os cenários não se mudam com toques de magia em 2 minutos! (se calhar devia ir outra vez numa visita guiada e ver as condições do palco do teatro). O largo é uma porcaria porque é amplificado as outras iniciativas são uma treta porque são sempre vistas como uma treta, só porque sim.

    Enfim se calhar deviam todos ficar em casa a ver os DVD's, Bluray«s e afins no plasma ou então ir só mesmo a Gulbenkian ver aquela treta em HD que isso sim é muito bom, ( e não tem nada de artificial!) e fazer criticas idiotas em que se enfia tudo na mesma bitola!

    Para já não falar de criticar pessoas e meter tudo no mesmo saco, que têm menos de meia dúzia de anos de carreira falta de oportunidades e experiência, com pessoas que recebem milhares de euros por recita para cantar nos melhores teatros
    do mundo.

    Eu acho sinceramente que vossas sumidades deviam emigrar já que isto é tudo um lixo! (Se calhar a moody's tem razão. E lixo já temos bastante não precisamos cá de mais!

    Esta mensagem de "fim de temporada" se assim se pode chamar, e é para si e para os seus amigalhaços dos blogues "associados" visto que basicamente v.exas. comentam-se uns outros como umas belas comadres.

    Até um dia destes!!

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  7. Caro Plácido

    Eu tenho algum problema com os intervalos. Compreendo-os como uma necessidade e não me importo nada que existam quando colocados no devido lugar.

    O meu problema vai mais no sentido de que sou uma péssima companhia num intervalo, isto é, quando vou à ópera acompanhado, a pessoa, ou pessoas, que vão comigo, são avisadas para o facto de durante o intervalo praticamente eu não falar. Como diz o FanaticoUm, fico muitas vezes sentado no meu lugar.

    Aconteceu-me recentemente no MET encontrar-me pela primeira vez com uma amiga que conheci no Facebook e que mora em NY. Digamos que foi um pouco penoso para mim, e ainda por cima, o intervalo foi de 40 minutos (para mudança de cenário, assim estava escrito no libretto).

    Cumprimentos musicais

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